O ritmo de transformação dos portos está aumentando. No post “A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DOS PORTOS” traçamos um breve panorama desse cenário de busca por maior agilidade, otimização de custos e ganhos na experiência de uso. Nesse artigo abordamos como a segurança eletrônica para portos e suas tecnologias contribuem para uma gestão mais otimizada das operações portuárias.
A pergunta que fica é: qual será o passo, e qual o tamanho desse passo, em direção ao Porto 4.0? A resposta está em algumas soluções de automação e segurança eletrônica para portos . Essas tecnologias podem tornar o porto um elo importante e ainda mais estratégico da cadeia de valor, com mais agilidade nos processos, menor número de intervenções e interrupções humanas, maior previsibilidade e maior fluidez nas operações.
Um programa de segurança eletrônica e transformação portuária com essas tecnologias e abordagens também é a chave para equacionar desafios operacionais como alto custo de operações, falta de recursos humanos, dados dispersos e/ou insatisfatórios, morosidade para gerenciar incidentes de segurança e baixa produtividade.
A consultoria Mckinsey apontou que implementar tecnologias segurança eletrônica para portos é decisivo para superar os desafios enfrentados atualmente pelos portos. De acordo com o estudo, as despesas operacionais podem cair de 25 a 55%, enquanto a produtividade pode aumentar de 10 a 35% por cento. A consultoria aponta, ainda, que essa visão é o cerne para que os portos migrem de meros operadores de ativos para orquestradores de serviços.
Os principais desafios na gestão de portos
A logística portuária representa um grande desafio. Volumes indescritíveis de carga transitando, centenas (ou milhares) de pessoas, empresas e interferências nos processos.
E existem, naturalmente, entraves relacionados à deficiência de infraestrutura e questões jurídicas, além de burocracias relacionadas a autorizações de trânsito de pessoas, embarcações, veículos e mercadorias que estão envoltas a um arcabouço de tarifas alfandegárias, legislações, regras, acordos e regulações.
Nos portos brasileiros temos, ainda, a questão da infraestrutura. E as crescentes demandas da economia e das exportações criaram gargalos e desafios como:
- Entrada e saída constante de tripulações e cargas oriundas de outros países;
- Dimensões do perímetro, das instalações, dos navios, das áreas de alta criticidade e das próprias linhas costeiras;
- Ambiente caótico, com grande circulação de pessoas, cargas e veículos;
- Circulação de tripulações, transportadores, prestadores de serviço, trabalhadores do porto, das empresas alfandegadas, autoridades e até passageiros;
- Tratamento de cargas críticas – combustíveis, químicos e mercadorias de alto valor agregado, por exemplo;
- Riscos de incêndios, explosões e acidentes decorrentes da manipulação de cargas de grande porte;
- Alvo em potencial, por suas características, de ações terroristas, tráfico internacional e roubo de mercadorias.
As tecnologias segurança eletrônica para portos numa abordagem de Porto 4.0
A segurança é um elemento fundamental para o gerenciamento do movimento de pessoas e cargas — e precisa ser pensada como uma tecnologia robusta, versátil e inteligente. Afinal, são grandes instalações espalhadas por áreas extensas e complexas como escritórios, terminais, cais de carga, instalações alfandegárias, áreas de manutenção, armazéns e estacionamentos.
Contar com uma plataforma inteligente de videomonitoramento aumenta a segurança física geral, além de facilitar a revisão, auditoria e investigação de ocorrências e incidentes na operação.
Vale ressaltar que chamamos de plataforma inteligente a estrutura de hardware e software com capacidades analíticas e automação. Agora, imagine a quantidade de câmeras e o volume de horas de imagens em um complexo tão grande quanto um porto. Para que esse monitoramento esteja permanentemente ativo e eficaz, seria necessário um contingente humano muito grande e, além disso, sujeito a falhas e distrações.
Com uma camada de software de análise de imagens orientada por IA (Inteligência Artificial), é possível elevar o patamar e a dinâmica de identificação, classificação e indexação, de forma a torná-lo pesquisável.
Assim, nessa jornada do Porto 4.0, é condição sine qua non considerar tecnologias de segurança eletrônica para portos como:
Câmeras Inteligentes
Câmeras de alta definição projetadas para operar em condições extremas, resistentes a furacões, tempestades, poeira em excesso, calor e frio extremos e nevascas — ou seja, às piores condições climáticas.
Essas câmeras possuem funções automáticas de balanço de luz e sombras, autofocus, visibilidade noturna, funções antineblina e antigotículas, iluminação infravermelha e outras funcionalidades que garantem a captação de imagens com nitidez.
Além disso contam com análises inteligentes de vídeo na borda, processando as imagens e emitindo alertas para os operadores em situações como detecção de movimento (em horários em que não deveria haver trânsito de pessoas), de aproximação, de intrusão, além de identificar objetos abandonados ou suprimidos
Gerenciamento Avançado de Vídeo
São sistemas que integram capacidades como controle de acesso, videomonitoramento, reconhecimento facial e leitores de placas de veículos. Além disso, possibilitam análises avançadas de vídeo — como, por exemplo, análise forense que permite buscas de pessoas e veículos por meio de parâmetros específicos, como cor da roupa, gênero, idade, modelo e cor do veículo, entre outras.
Reconhecimento Facial
Com elevadíssima acuracidade (em torno de 99%), a tecnologia hoje facilita o controle de acesso de funcionários, fornecedores, autoridades e visitantes que circulam pelas dependências do porto.
Além disso, agiliza a identificação de movimentos estranhos e pessoas indevidamente presentes em áreas sensíveis — além de possibilitar a criação de white lists e black lists para permitir ou barrar a entrada de determinadas pessoas em determinados setores do porto, como por exemplo, galpões de carga sensíveis, salas de controle de guindastes, etc. Também permite localizar pessoas nas gravações geradas pelo circuito de câmeras, para investigação.
Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial coleta dados e os utiliza para aprender padrões, identificar tendências, detectar eventos e desencadear ações. Grandes quantidades de dados em imagem e vídeo são submetidas a máquinas com complexas redes neurais, capazes de aprender e auxiliar as operações.
É ela que possibilita as análises de vídeo e alertas automáticos que mencionamos neste artigo e uma infinidade de outras, como por exemplo detecção de corpo caído, de pessoas com movimentação errática, de fumaça, de direção e rota dos navios, entre outros, para assinalar anomalias às equipes de segurança e emergência.
Leitura de Placas Veículares e OCR
O registro de passagem de veículos de carga nos portos brasileiros, tanto por locais de acesso quanto nas saídas de áreas alfandegadas, é uma exigência normativa. Sistemas de leitura de placas veiculares automatizam o controle da movimentação de veículos, incluindo alertas de passagem de veículos não autorizados.
A mesma tecnologia, que permite o reconhecimento de placas, também é aplicada para a numeração de contêineres, A tecnologia OCR reconhece os números dos contêineres, evitando erros humanos e interferência.
Facilita e aumenta a eficiência da gestão portuária controlando de forma organizada a movimentação e localização de contêineres no portão, pátio, cais, bem como auxilia nas operações de guindaste de cais, spreader no carregamento de navios e zonas de descarga.
Controle de Acesso
Com a integração de abordagens como RFID, biometria, reconhecimento facial e videomonitoramento, entre outras, é possível promover automação do controle de acesso e detecção de intrusão, além de gerar registros e relatórios de passagem, permanência e circulação de pessoas e veículos.
Sistemas de controle de acesso permitem a localização de pessoas dentro do porto, e restringem os acessos às zonas do porto, de acordo com os perfis de usuário, entre outras aplicações.
Controle de Perímetro
A combinação de sensores infravermelhos, radares, alarmes, CFTV e sistemas de controle de acessos operacionaliza e automatiza os protocolos de segurança do porto.
Um exemplo no Brasil
O Porto de PECÉM, localizado a cerca de 50 km de Fortaleza(CE), é considerado um dos principais empreendimentos do Ceará, com grande potencial de se tornar um centro logístico e industrial para o Nordeste.
O PECÉM movimenta principalmente combustíveis, minerais, produtos siderúrgicos, contêineres e granéis sólidos. Além disso, possui uma área industrial com uma planta siderúrgica, uma usina térmica, fábricas de cimento e de pás eólicas, além de contar com uma ZPE – Zona de Processamento de Exportação para empresas, com foco em exportação.
A Teltex desenvolveu o sistema de detecção e alarme de incêndio para o porto, constituído por 18 centrais de controle do sistema preventivo, com tecnologias avançadas de detecção de fumaça e temperatura, assim como sistema de aspiração para ambientes fechados.
Além do projeto do PECÉM, a Teltex é responsável pela manutenção e atualização do parque de câmeras de videomonitoramento, do sistema de reconhecimento de placas e da central de comando e controle da Zona de Processamento de Exportações (ZPE), que faz a segurança do complexo 365 dias do ano.
A jornada do Porto 4.0 é um programa permanente de melhorias e ganhos operacionais. Essa trajetória envolve investimentos, evolução de processos e, principalmente, mudanças no mindset. Não se trata de um “atracadouro final”, digamos, mas de um oceano de oportunidades para tornar as operações mais seguras e evitar perdas, além de melhorar a lucratividade, a satisfação e a experiência dos stakeholders. E nesse contexto as tecnologias de segurança eletrônica para portos tem um papel fundamental.